Professores, coordenadores e articuladores pedagógicos, supervisores, representantes de estudantes e gestores escolares, participaram na última sexta feira (18/07) do lançamento em âmbito municipal da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ).

O evento foi organizado pela Secretaria de Educação e se concentrou na Câmara Municipal, sendo também utilizado o Centro de Formação Pedagógica. Pela manhã, foram trabalhados conceitos e práticas pedagógicas voltadas à sala de aula, enquanto que no período da tarde foram apresentados e discutidos os eixos da PNEERQ: Formação de Profissionais da Educação e Lideranças Comunitárias; Material Didático; Governança; Diagnóstico e Monitoramento; Valorização das Trajetórias Negras e Quilombolas; Difusão de Saberes; e Protocolos Antirracistas.

O Secretário de Educação, Iury Mendes, considerou o momento como um marco para o fortalecimento das ações pedagógicas voltadas à prática da educação para as relações étnico-raciais e o combate ao racismo. “Precisamos sair da teoria e vivenciar a prática nas escolas, pois se trata de uma dívida social acumulada ao longo dos anos”, disse o Secretário, ao tempo em que apresentou oficialmente a Coordenadora Municipal da PNEERQ, professora Ariane Conceição.

Presente no evento, a Mobilizadora Regional da PNEERQ, Professora Gizele Belmon, explicou que todas as políticas públicas representam caminhos estruturais para o enfrentamento das desigualdades. “Se o racismo e a desigualdade são estruturais, a superação dessas desigualdades também precisa ser estruturada. E é exatamente nesse sentido que políticas públicas como o PNEERQ se tornam fundamentais”, afirmou.

A Presidente da Câmara Municipal, Regina Couto, enalteceu os objetivos da PNEERQ, considerando como “um movimento de revisão da história, de fortalecimento das lutas e busca da dignidade”.

O Secretário de Esportes, Juventude e Lazer, Thiago Mendes, disse que por muitos anos, infelizmente, as escolas brasileiras vivenciaram um processo de apagamento da história do povo negro. “No entanto, devido aos movimentos e às lutas empreendidas, hoje as escolas já reconhecem a história do povo negro. O currículo escolar começou a trilhar uma perspectiva decolonial, ainda que com desafios. Aqui em Anguera, vejo que existe um simbolismo muito forte e favorável a essa tendência, pois o dia da Emancipação Política coincide com a data em que comemoramos a Consciência Negra”, considerou.

Palestrante convidada, a Professora Maria Priscila dos Santos, doutoranda em Educação e especialista em Educação, Processos Formativos e Desigualdades Sociais, defendeu o fortalecimento da Educação para as Relações Étnico-Raciais no currículo escolar. “Se as relações étnico-raciais fossem compreendidas e verdadeiramente praticadas, não existiria o racismo”, frisou.

APRESENTAÇÃO CULTURAL

Durante a programação, um grupo de estudantes da Escola Municipal Arthur Vieira de Oliveira, liderados pelo Professor de Arte, Joedson Fonseca, apresentaram o momento cultural com a performance do poema “ME GRITARAM NEGRA”, da poeta peruana Victoria Santa Cruz.

A apresentação retratou através da personagem representada pela aluna Ludmilla Horrana, 7º Ano, a experiência de descobrir-se negra numa sociedade racista que menospreza e subjuga o corpo negro.

NOVO CURRÍCULO DA REDE MUNCIPAL

O trabalho pedagógico na Rede Municipal contempla, atualmente, ações voltadas para a Educação das Relações Étnico-Raciais através de projetos pedagógicos desenvolvidos nas escolas, sobre a temática “Identidade”.

A Feira do Conhecimento, que se concentra no mês de novembro, todos os anos prevista no calendário escolar, une exposições e apresentações sobre a Consciência Negra, interagindo com a Emancipação Política de Anguera. As escolas apresentam para a comunidade trabalhos e produções sobre a temática.  

A partir do Ano Letivo de 2026, conforme estabelecido no currículo da Educação Integral em Tempo Integral, disposto na Lei Municipal Nº 335/2025, sancionada recentemente, as escolas vão ofertar na grade curricular do Ensino Fundamental, os componentes Identidade Cultural e Educação Antirracista, enquanto na Educação Infantil as abordagens serão intensificadas com projetos de identidade, cultura, diversidade e sociedade, integrados aos saberes e conhecimentos.

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